domingo, 1 de dezembro de 2013

REPORTAGEM ESPECIAL


REPORTAGEM ESPECIAL

Cai a relação entre homens e mulheres soropositivos

Dia Mundial de luta contra a Aids, no domingo será marcado por ações de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, no Parque do Sabiá

Há algum tempo a Aids deixou de ser uma doença com grupos de risco. Ela afeta pessoas independente de gênero, orientação sexual ou estado civil.  Nos últimos anos, a relação entre homens e mulheres soropositivos reduziu no Brasil: em 1989 eram seis casos de Aids em homens para cada mulher; em 2011, o índice era de 1,6 homem para cada mulher.
Em Uberlândia, foram registrados, até o mês de outubro deste ano, 1.405 casos em adultos, sendo 848 no sexo masculino e 557 no sexo feminino. “É importante a compreensão que não é mais grupo de risco, mas comportamento de risco. Está protegido das doenças sexualmente transmissíveis quem mantém relações sexuais com o uso de preservativo”, afirma Marco Aurélio Afonso, coordenador do Programa de Combate à Aids de Uberlândia.
Segundo o coordenador, nos últimos meses houve aumento no percentual de jovens portadores do HIV na cidade. Na faixa etária de 15 a 34 anos, foram 134 diagnósticos confirmados em 2012, ante 63 em 2011. “Esta geração não conviveu com o surgimento da Aids na década de 80. Ela não tem consciência que, embora hoje haja tratamento gratuito na rede pública, o soropositivo precisa tomar cuidados e investir em qualidade de vida para se proteger das doenças oportunistas que coloca a vida em risco”, avalia Marco Aurélio.

Ações no Dia Mundial de Luta Contra a Aids

Neste domingo, serão realizadas diversas ações de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis e de conscientização para a realização de exames de HIV em Uberlândia. A mobilização ocorre a partir das 9h na Praça Sérgio Pacheco. O dia 1º de dezembro é considerado o Dia Mundial de Luta Contra a Aids.

Soro da verdade: Descobrindo o diagnóstico precoce

O estudante Régis de Souza ficou apreensivo quando fez o primeiro teste para HIV no Ambulatório Hebert de Souza. “Por mais que eu tenha feito sexo com camisinha, tem sempre alguma situação que te deixa em dúvida se pode ou não estar contaminado por alguma doença sexualmente transmissível”, diz. O resultado dele foi negativo, mas o diagnóstico de 18 das 103 pessoas que fizeram testes rápidos naquele ambulatório, em outubro, foi positivo. “Antes de ser soropositivo, o paciente não acredita que ele seja capaz de portar o vírus HIV. O que parte da população ignora é que basta uma relação sexual desprotegida para ser contaminado com o vírus e que não é possível identificar quem vai transmiti-lo pela aparência”, avalia Marco Aurélio.

Atendimento e acompanhamento na rede

Os jovens e os homossexuais são os que mais utilizam os preservativos distribuídos pelo Governo Federal nas unidades públicas de saúde. No Ambulatório Hebert de Souza, os pacientes com doenças sexualmente transmissíveis têm acesso a atendimento multidisciplinar com clínica médica, infectologia, ginecologia, urologia, pediatria, nutricionista, odontologia, enfermagem e assistência social. O acesso a medicamentos antirretrovirais e as coletas de carga viral proporcionam o monitoramento da doença e diminuem os danos ao bem-estar do infectado. “O Fique Sabendo é uma campanha que incentiva pessoas que tiveram comportamento de risco a saberem se estão com alguma doença sexualmente transmissível para que comecem o tratamento e evitem prejuízos à saúde, da maneira mais oportuna possível”, explica Marco Aurélio.

Vivendo com o diagnóstico positivo

Depois que recebeu o diagnóstico positivo para o HIV, o tesoureiro Mário Lúcio Freitas tornou-se voluntario de uma ONG que auxilia pessoas com Aids. Pai de quatro filhos, ele diz que continua realizando todas as atividades que fazia antes da doença, porém com mais atenção e cuidado com a saúde. “Às vezes, na ONG, recebemos pessoas desesperadas após terem recebido o diagnóstico. Daí eu acalmo e explico que a vida continua, só que agora com mais atenção à saúde” explicou Mário.
Viver com o preconceito é mais difícil do que viver com o HIV. Com medo da doença e do isolamento, as pessoas evitam fazer o exame precocemente e ignoram que com tratamento oportuno e cuidados com a saúde, é possível ter uma vida normal. Quando a aposentada Célia Freitas descobriu que seu filho de 18 anos era soropositivo, ela ficou em dúvida sobre o resultado. “Ele fez três exames na rede pública e depois mais um na rede particular, todos foram positivos. Meu chão abriu. Eu busquei os medicamentos na rede pública, mas ele não quis tomar porque não acreditava que era portador do vírus”, conta a aposentada.
Após ter pneumonia e passar 23 dias internado no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, o jovem aderiu ao tratamento e há 20 anos convive com o diagnóstico. “Hoje eu percebo que a doença não mata desde que a pessoa faça uso dos medicamentos indicados pelo médico. Meu filho não fuma, não bebe, tem uma vida saudável e isso contribui para ele estar bem. Mas o preconceito mata, porque tira a vontade de viver”, diz a aposentada.

Transmissão vertical

Para evitar que a gestante transmita o vírus HIV para o bebê é importante a realização dos testes para doenças sexualmente transmissíveis no pré-natal ou, de preferência, antes da decisão de ter um filho. A transmissão vertical é responsável por 93,8% dos casos de Aids notificados no Brasil entre menores de 13 anos. “O teste precoce é o melhor método de prevenção”, alerta Marcos Aurélio. Entre os anos de 2006 e 2013, 146 mulheres foram diagnosticadas com Aids durante a gravidez em Uberlândia. As gestantes soropositivas têm acesso a acompanhamento médico para evitar a transmissão do vírus para a criança durante a gestação, na hora do parto e no período de lactação.

Números da Aids em Uberlândia

-     1.405 adultos soropositivos;
-     215 casos diagnosticados de janeiro a outubro de 2013;
-     14 crianças diagnosticadas com Aidsentre os anos de 2006 e 2013;
-     146 gestantes diagnosticadas com o vírus


Você sabe o que é Aids?

-     A Aids é uma doença infectocontagiosa causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), que leva à perda progressiva da imunidade e facilita a progressão de doenças oportunistas;
-     O HIV pode ser transmitido pelo sangue, pelo esperma e pela secreção vaginal, principalmente no momento da relação sexual. Contato casual como abraço, suor, beijo, picada de mosquitos, participação em esportes não transmite o vírus;
-     Febre, fraqueza, emagrecimento, ínguas e manchas na pele que desaparecem após alguns dias, feridas na área da boca, no esôfago e nos órgãos genitais são sintomas comuns das pessoas soropositivas que devem ser confirmados com exames e receber acompanhamento médico;
-     Saber o diagnóstico do HIV precocemente aumenta a expectativa de vida do portador do vírus, que tem medicamentos e acompanhamento médico gratuito no Ambulatório Hebert de Souza.

Fernando Lopes
Secretaria de Saúde

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